domingo, 4 de julho de 2010

Eu não sonho mais

Eu não fumo mais
Eu não tenho mais as mesmas histórias
Sou suja sem você
Eu sou feia sem você
Como uma órfã em um dormitório

Não tenho mais vontade de viver minha vida
Minha vida parou quando tu te foste
Eu não tenho mais vida e até minha cama
se transforma num cais
Quando tu partes

Estou doente
Completamente doente
Como quando minha mãe saía à noite
E me deixava sozinha com meu desepero

Estou doente
Perfeitamente doente
Tu chegas, nunca se sabe quando
Tu partes, não se sabe nunca para onde
E vai fazer logo dois anos
que não dás a mínima!

Como a um rochedo
Como a um vício
Eu estou agarrada a ti
Estou cansada,
Exausta
De aparentar felicidade
Quando eles estão lá

Bebo todas as noites,
Todos os Whiskies
Pra mim tem o mesmo gosto...
E todos os navios levam tua bandeira
Não sei mais onde pra onde ir
Estás em todos os lugares

Estou doente
Completamente doente
Eu verto meu sangue em teu corpo
E eu sou como um pássaro morto
Quando tu dormes
Estou doente
Perfeitamente doente
Tu me privastes de todas as minhas canções
Tu me esvaziastes de minhas palavras
Portanto, vejo que eu tinha talento frente à tua pele

Esse amor me mata
Se continuar assim
Vou morrer sozinha... comigo
Perto do meu rádio
Como uma criança idiota
Escutando minha própria voz
que vai cantar...

Estou doente
É isso! estou doente!
Tu me privastes de todas as minhas canções
Tu me esvaziastes de minhas palavras
E eu tenho o coração completamente doente
Cercado de barricadas
Você escutas? Estou doente...

Caruso

Aqui onde o mar brilha

e sopra forte o vento
sobre um velho terraço
em frente ao Golfo de Sorrento
um homem abraça uma mulher
depois de haver chorado
depois limpa a voz
e recomeça o canto

Eu te amo tanto
mas tanto, tanto, tanto, sabe?
é uma "corrente"
que faz o sangue queimar nas veias, sabe?


viu luzes em alto-mar
lembrou de noites lá na América
mas eram só lanternas a brilhar
no rastro branco de uma hélice
sentiu doer a música
se levantou do piano
mas vendo a lua surgir
atrás de uma nuvem
até a morte lhe pareceu mais doce
olhou fundo nos olhos da mulher
aqueles olhos verdes como o mar
de repente viu escapar uma lágrima
e pensou esta a se afogar

Que poder é esse da ópera
onde todo drama é falso
onde com um pouco de maquiagem e representação
podemos nos transformar em outro
mas quando dois olhos te olham assim
tão perto e verdadeiros
te fazem esquecer as palavras
confundem teus pensamentos
então fica tudo tão pequeno
até as noites lá na América
você se vira e vê toda a sua vida
no rastro branco de uma hélice
mas é isso, é a vida que termina
mas ele nem se preocupou
ao contrário, já se sentia tão feliz
que recomeçou seu canto